A formação do campesinato é resultado da formação socioeconômica do povo brasileiro em especial em um contexto de migrações forçadas , na instabilidade e muita luta. Os camponeses e camponesas do Brasil são a junção sociocultural de três troncos étnicos: povos originários (indígenas), os africanos escravizados e migrantes europeus, um processo complexo e sincrético que conformam um tecido social sempre a margem e antagônico ao capital no Brasil.
Esse processo de formação social, nunca foi amistoso, a construção do campesinato como sujeito autônomo sempre incomodou as classes dominantes, esse processo produziu inúmeras revoltas desde a invasão europeia em 1500, colocando a luta e a resistência como espinha dorsal do campesinato no Brasil, e por que não reforçar, no mundo.
Destacamos entre tantas revoltas com em Palmares os levantes e guerras indígenas como a confederação dos Cariris, a resistência Guaicuru, a Cabanagem, a Guerra de Canudos, Trombas e Formoso, as Ligas Camponesas, dentre tantos levantes do Campo que as classes dominantes tentaram apagar ou deturpar na história.
As Lutas Camponesas e o golpe Militar em 64
A ascensão das lutas de massas e demandas camponesas são bloqueadas pelo golpe militar de 1964, o regime assassinou, prendeu e deportou a maioria dos líderes camponeses da época. Segundo a comissão camponesa da verdade insistida em 2012 1.196 camponeses e camponesas foram mortos e desaparecidos em meio ao golpe militar.
A luta camponesa recobra sua força no final dos 1970, período de intensas lutas pela redemocratização. Deste período, sob influência da teologia da libertação e das Comunidades Eclesiais de Base, da Comissão Pastoral da Terra somadas ao trabalho da esquerda sindical e comunista resulta na criação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST. Do período de luta contra o neoliberalismo, nos anos 90, surge o Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA, o Movimento dos Atingidos por Barragens-MAB, e diversas outras organizações que compõe atual a Via Campesina no Brasil.
A resistência e a luta jogam papel fundamental na reprodução e ampliação do campesinato. A memória conecta passado e presente, guarda e transmite conhecimentos, fatos e lutas, e reabilita a história como a história da luta de classes e o campesinato como um sujeito social e político.
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