O último período, após o golpe que depôs a primeira mulher eleita presidenta em nosso país, Dilma Rousseff, seguido da eleição de Bolsonaro e sua condução genocida da pandemia que se abateu sobre o mundo, evidenciou-se ainda mais os dois projetos em disputa, um de exploração e morte para salvar o sistema financeiro e outro popular, pela construção de um país mais justo para e pelas classes trabalhadoras.

De lá para cá, mulheres camponesas do Movimento dos Pequenos Agricultores seguiram denunciando, acumulando e elaborando sobre as demandas das trabalhadoras e trabalhadores do campo e da cidade. Principalmente os desmandos do Estado que promoveu um imenso desmonte sobre as políticas públicas conquistadas a duras penas pela luta social. Tudo somado ao abandono total das medidas sanitárias de combate ao vírus da COVID19 e proteção da população em detrimento da suposta salvação da economia. Hoje resulta nas quase 700 mil mortes e nas mais de 33 milhões de brasileiras e brasileiros sem ter o que comer.

Mas, mesmo em caráter remoto, nesse cenário de terror e luto coletivo, fizemos a campanha ‘Fique em casa, seguiremos produzindo seu alimento’. Por meio do Mutirão Contra a Fome distribuímos mais de 5 milhões de quilos de alimentos em 19 estados pelo país. Fizemos formações e debates para nos acolher, nos ouvir, nos fortalecer, mantivemo-nos atentas e organizadas coletivamente produzindo o alimento para nossas famílias e para as famílias de todo país. Por fim, mas não menos importante, graças ao árduo trabalho de campanha que nos colocamos, derrotamos Bolsonaro nas urnas.

Contudo, ainda temos enfrentado o desemprego, a informalidade, a alta no preço dos alimentos básicos e todos os itens de primeira necessidade. E assistimos ao espetáculo neofascista organizado no 8 de Janeiro contra o governo que elegemos democraticamente.

Há dois anos iniciamos um processo de reflexão para a construção de um Plano de Ação Feminista no MPA e daremos o ponta pé retomando nosso lugar nas ruas, em nossas comunidades, no campo e na cidade, promovendo debates em torno do feminismo camponês e popular, da saúde popular, da soberania alimentar e do abastecimento. Sabemos que sem as mulheres, crianças, juventude e LGBTIA+  em luta, não há transformação social possível. Queremos avançar na ação política por emancipação.

Por isso, convocamos nossas e nossos camaradas a reafirmar o compromisso coletivo e colocarmo-nos à frente da luta pela superação do capitalismo selvagem que, na corrida pela apropriação das terras e das águas por meio das grandes corporações do agromineronegócio, violenta nossos corpos, extermina os povos, envenena e destrói nossos territórios, encarcera a juventude preta e viola crianças indígenas para usurpar riquezas. Neste 8 de Março colocamos nossos corpos, nossas mentes e nossas emoções na luta por uma nova sociedade.

Por isso afirmamos: Camponesas em luta, contra a fome e as violências, abastecendo de alimentos e esperanças o povo brasileiro!