AUTOR(A)
Lucio LambertAUTOR(A)
Lucio Lambert21 de janeiro de 2022
As plantas precisam de pelo menos 40 minerais (elementos) pra se desenvolverem de forma completa. O solo, que é o resultado da desintegração das rochas, em condições normais contém todos estes minerais.
A Natureza é sábia. Está aqui há mais de 4 bilhões de anos vivenciando tudo, e evoluindo. Assim, nós humanos e animais – que nos alimentamos das plantas – também necessitamos destes 40 minerais pra que o desenvolvimento de todos os nossos processos metabólicos celulares sejam plenos e eficientes em suas funções.
Entretanto, com o fim da Segunda Guerra Mundial, a indústria bélica se tornou ociosa. As megacorporações do sistema financeiro mundial decidiram que esta capacidade industrial seria direcionada para agricultura sob o argumento que precisaríamos aumentar a produção pra alimentar toda a população mundial em 30 ou 40 anos. Com isso, quase toda fertilização do solo e nutrição das plantas começou a ser baseada em somente 3 elementos: NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio), já que é isso que a indústria bélica, transformada em agroquímica, produz e quer vender.
Atualmente, se por um lado realmente aumentou-se a produção de alimentos no campo, por outro isso não adiantou muito porque de 800 a 900 milhões de pessoas ainda passam fome no mundo (FAO, 2019) já que os estoques de alimentos estão concentrados nas mãos daquelas mesmas corporações controladas pelo sistema financeiro e que lançaram a ideia.
Com o consequente desequilíbrio nutricional, devido à falta de minerais no solo, as plantas ficaram mais suscetíveis às doenças e pragas. Isto criou oportunidade para a mesma indústria agroquímica vender bilhões de dólares por ano em agrotóxicos. Estes venenos mataram a VIDA no solo. E contaminaram as aguas dos rios e do subsolo também, dificultando qualquer possibilidade de revitalização. E os micro-organismos do solo eram fundamentais porque são eles que processam e disponibilizam aqueles 40 minerais às plantas. Prevaleceram, como sempre nesse sistema, os interesses do lucro, do capital.
Esta falta de minerais (na terra, nas plantas, nos animais e, consequentemente, em nós) gera uma série de problemas e deficiências graves no conjunto da sociedade que vão desde dificuldades de aprendizado e de discernimento (uma espécie de lobotomia sutil e globalizada), desenvolvimento intelectual e físico limitado, até o surgimento de doenças crônicas e degenerativas severas, o que é ruim pra todo mundo MENOS pra indústria medico-farmacêutica-hospitalar, outra ramificação que pertence, pasmem, ao mesmo sistema financeiro que domina o mundo.
Não é difícil concluir que este esquema descrito acima é a base de praticamente TODOS os problemas sócio-políticos e econômicos que vivenciamos no mundo.
Os interesses são bilionários. Então, as oito megaempresas (controladas por grandes bancos e fundos de investimento) que dominam a base da alimentação mundial (sementes, agroquímicos, mecanização e crédito), tratam de se infiltrar nas universidades, institutos de pesquisas, mídia, congresso, no sistema editorial cientifico e em toda parte onde seja necessário pra formar e manter o senso comum de aceitação do seu negócio altamente lucrativo e dominador.
Isto é tão forte que muitos que trabalham com “agricultura orgânica” repetem o discurso imposto pela indústria agroquímica. Alias, esta mesma indústria vem, há décadas, adquirindo, se infiltrando, se apropriando e ganhando espaço dentro do setor orgânico.
Uma das muitas estratégias usadas é apagar e/ou desacreditar técnicas ancestrais, eficientes e baratas de manejo da fertilização, revitalização e remineralização do solo já que estas tecnologias via de regra podem ser facilmente compreendidas e incorporadas por qualquer produtor rural tornando-o mais autossuficiente, menos dependente e, portanto, mais livre do “pacote completo” oferecido pela indústria agroquímica que é cotado em dólar e leva, invariavelmente, à falência do agricultor. Ela age portanto, em ultima análise, no sentido de apagar cultura do campo que faz parte da identidade do agricultor familiar.
REFERENCIAS
FAO – FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATION. The State of Food Security and Nutrition in the World. Roma, 2019. Disponível em: < http://www.fao.org/state-of-food-security-nutrition/en/>. Acesso em: 7 set. 2019.
¹ Lucio Lambert é geólogo com formação e mestrado pela UFRJ, Universidade de Montpellier e Nice (França) e mestrado em Agricultura Orgânica pela UFRRJ.
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